Exposição Caio Fernando Abreu-Doces Memórias no Sesc Copacabana

Preciso confessar que faço parte daquele pacotão de pessoas que teve seu primeiro contato com o escritor Caio Fernando Abreu através de frases dele postadas em redes sociais. Sim, uma vergonha, eu sei... Mas, antes conhecê-lo tarde do que nunca, não é mesmo?! E foi através dos fragmentos que eu ia encontrando e lendo internet afora que nasceu uma vontade cada vez maior de saber quem foi realmente esse escritor que é tão lembrado online, mesmo já tendo se passado tantos anos após sua morte.


Em 2016, completam-se exatos 20 anos sem Caio. E em sua memória, o Sesc Copacabana organizou a ocupação A palavra líquida | Caio F. Epifanias, que engloba exposição, sessões de filmes, peças de teatro, shows e espetáculos de dança. Quando soube deste evento, vi que era minha chance de finalmente conhecer melhor, e pessoalmente, a história do escritor e suas obras.

Então, no fim de semana passado, visitei a exposição Doces Memórias, que integra a ocupação, e me encantei com o pedacinho do universo de Caio F. que pude conhecer ali. Vi fotos da sua família e amigos, li e também ouvi suas famosas cartas, e ainda assisti a um vídeo onde ele fala, com sua voz forte, lúcida e serena, sobre sua própria vida e obra.

Recebi uma ligação do Caio me
chamando para ouvir suas cartas.

No mural de fotos da família e amigos de Caio, esta em que ele aparece abraçado a Cazuza, num momento tão alegre e tão íntimo, foi a que mais me emocionou.



Na exposição, também é possível ler seus livros ouvindo as músicas que ele associava a cada um deles. Caio era uma pessoa muito musical e gostava desse diálogo entre diversas formas de arte. Para quem usa o Spotify, o Sesc disponibilizou por lá a playlist exclusiva "Para ler ao som de" com tudo o que o escritor gostava de ouvir. 

O cantinho musical de Caio F. na exposição.

Caio foi um dos grandes nomes da cultura nacional que perdemos pra AIDS nos anos 90. Os relatos dele sobre como era a sua vida a partir do HIV são muito impactantes. Ele teve uma postura de objetividade e lucidez perante a doença que é impressionante. E, ao invés de ter amaldiçoado a vida após se descobrir soropositivo, ele a abraçou e tentou vivê-la da forma mais grata e intensa possível.


Essa forte vontade de viver foi o sentimento que tomou conta de mim após sair da exposição. Sei que vai parecer viagem minha, mas ter passado quase duas horas ali imersa em suas memórias, seus livros, seus objetos, sua história, praticamente em sua presença, me contagiou de uma forma que me senti muito próxima dele. E saí de lá carregando junto comigo um pouco da enorme fé na vida que Caio tinha.


Após este que foi meu primeiro contato real, fora da internet, com o escritor, jornalista, dramaturgo e, acima de tudo, ser humano extraordinário, Caio Fernando Abreu, quero finalmente ler seus livros completos. Inclusive, já baixei alguns para ler no meu Kindle, como Morangos Mofados e Os dragões não conhecem o paraíso. 


(Foto de parte do flyer da exposição)
Os desejos realmente têm muita força...

Os shows, sessões de filme e demais eventos paralelos da ocupação em homenagem ao escritor já foram encerrados. Mas a exposição fica em cartaz até o próximo domingo, dia 7 de agosto, no Sesc Copacabana. Vale a pena dar uma passada lá! 

Aliás, aproveito para parabenizar o atendimento da equipe do Sesc
O casal de monitores responsáveis por auxiliar o público na exposição foi super simpático e atencioso. Gostei muito.

Você conseguiu, Caio. Eu senti.

*Todas as fotos que ilustram este post foram feitas por mim durante minha visita à exposição.

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