Na semana passada, eu falei sobre cama, e hoje eu venho escrever sobre colcha. Colcha de retalhos, filme dos anos 90 que entrou pra grade da Netflix. Cama e colcha, tudo a ver com esse tempinho frio que vem fazendo, né...
Obviamente, eu adoro filmes e series com a temática de moda, costura, artesanato... Por isso, quando rolava o feed da Netflix e me deparei com o nome Colcha de Retalhos, isso me chamou a atenção logo de cara. E, quando assisti a prévia, gostei muito da atmosfera do filme.
A história gira em torno da jovem Finn, vivida por Winona Ryder, atriz ícone dos anos 90. Finn está na sua terceira tentativa de tese de mestrado e acaba de ficar noiva de Sam. Porém, ela se sente insegura quanto à decisão de se casar e resolve passar uma temporada na casa de sua avó para tentar colocar as ideias no lugar e terminar a sua tese.
Aliás, o tema escolhido por Finn para a sua tese é lindo. No início do filme, ela explica pra sua avó e suas amigas sobre o que está escrevendo:
"Estou investigando trabalhos femininos em várias culturas para provar que fazer uma cesta, uma manta, ou o que seja, é como um ritual."
Não por acaso, ela resolveu passar o verão com sua avó. Desde que Finn era criança, a avó e suas amigas se reúnem para costurar e bordar. Desta vez, ao saberem do noivado da jovem, decidem fazer uma colcha com o tema "Onde vive o amor?". Lindo, né?!
E este é o pretexto para cada uma delas ir refletindo sobre suas histórias de amor, seus encontros e desencontros ao longo da vida. Enquanto costuram e bordam, as mulheres vão relembrando e ressignificando suas alegrias e arrependimentos, o vazio e o aconchego que encontram em seus corações.
Tudo isso mostra que o filme é interessante não somente para quem gosta de costura. O enredo trata de questões humanas universais e atemporais, mostrando as imperfeitas histórias de amor de cada uma das personagens. E não só amor de amantes, mas de filha, de irmãs, de amiga...
"Jovens amantes buscam a perfeição. Antigos amantes aprendem juntos a arte de costurar pedaços e de ver a beleza em uma multiplicidade de retalhos."(Finn lendo um poema que a alma gêmea de Marianna deu para ela na única vez em que se viram)
Agora, uma coisa que me chamou a atenção é que a colcha não é exatamente de retalhos. Pelo menos não do jeito que a gente está acostumada aqui no Brasil, uma colcha feita de vários quadrados de tecidos diferentes unidos.
Na verdade, o que elas fazem é bordado com aplicações sobre um tecido inteiro costurado sobre um forro, formando uma espécie de matelassê, o que eu descobri ser a técnica do quilting. Não conhecia por este nome.
Eu fiquei surpresa por não ser uma colcha realmente de retalhos, mas faz todo o sentido, afinal, o nome do filme em inglês é How to make an american quilt, algo como "Como fazer um quilt americano". Quilt é o produto final da técnica do quilting. Independente disso, o resultado do trabalho das mulheres no filme é lindo.
A protagonista em si é um tanto sem sal. Pelo menos eu não consegui me sensibilizar com suas questões. Achei seus conflitos um tanto bobos e superficiais. Mas a personagem faz muito bem o papel de fazer com que sua avó e amigas se abram a respeito de seu passado e reflitam sobre suas histórias de vida. Além de, com sua juventude, simbolizar a possibilidade de mudança e de escrever uma história diferente para si mesma ao aprender com as experiências das demais e fazer escolhas mais maduras.
[Spoiler] No final, a protagonista acorda surpresa ao se vir envolta com a colcha já pronta e, ao avistar um corvo no quintal, sai enrolada nela de manhã seguindo o pássaro, que a guia até o amor de sua vida.
Após assistir ao filme, fiquei com vontade de costurar, bordar ou crochetar algo com algum significado ou um propósito específico também. E, olha a sinergia, a atriz Leandra Leal postou sobre isso no seu Instagram esta semana, quando mostrou a manta que tricotou durante o período em que durou as filmagens da série Aruanas, em que ela é uma das protagonistas.
Assistir a esse filme também me lembrou os tempos em que eu bordava figurinos, e nos reuníamos, eu e as outras meninas da equipe, em volta da mesa cheia de paetês e vidrilhos, contando causos e criando formas com as mãos, enquanto ouvíamos músicas da Marisa Monte (dona dos figurinos).
"Para fazer uma colcha, você deve escolher os retalhos com cuidado. Se escolher bem, dará destaque à obra. Se escolher mal, as cores ficam sem vida e tiram sua beleza. Não há regras a serem seguidas. Deve-se seguir o instinto e ser corajosa."
Vale a pena assistir Colcha de Retalhos. Recomendo.
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