Inhotim: o maior museu de arte a céu aberto da América Latina em Brumadinho - MG

O Instituto Inhotim completou 10 anos de existência na última terça-feira dia 14 de junho. Eu visitei este que é o maior museu a céu aberto da América Latina no final do ano passado e aproveito este momento de comemoração para relembrar aqui como foi essa experiência.

Eu já acompanhava as notícias sobre o Inhotim há alguns anos e também seguia o perfil do museu no Instagram, onde eles postam fotos lindas das obras e do dia-a-dia do parque. Eu ia acompanhando e alimentando a vontade de visitá-lo algum dia. 

E eis que, em dezembro do ano passado, surgiu a oportunidade. Visitamos o museu, eu e mais dois amigos, numa quarta-feira, e demos a sorte de ser o dia da semana em que a entrada é grátis. Nem sabíamos disso.

O Instituto fica em Brumadinho, uma pequena cidade mineira de 30 mil habitantes, há cerca de 60 kilômetros de Belo Horizonte.

Instituto Inhotim Museu a céu aberto Arte Contemporânea
Lago e jardim do parque. Ao fundo, a obra Magic Square #5 do artista Hélio Oiticica

Posso dizer que, com apenas uma visita, já criei uma relação emocional com o lugar. Eu sempre gostei de arte, de visitar exposições e também tenho uma necessidade de estar sempre em contato com a natureza. E o Inhotim une exatamente estas duas coisas de forma perfeita! É um lugar que alimenta a alma e renova as energias.


O parque é enorme, uma área de 20 km², dentro de uma reserva de Mata Atlântica. Eles têm um serviço de transporte para os visitantes (tipo aqueles carrinhos do Projac). Mas a louca aqui preferiu andar tudo a pé, para ficar em total contato com a natureza e a energia única do local. Me senti totalmente em casa, feliz como uma criança no play!

Artista Edgard de Souza
Dor de cabeça (2009) / artista: Edgard de Souza
Agora, confesso que foi uma tarefa árdua subir andando até a obra Sonic Pavilion, do artista Doug Aitken, que fica numa parte alta e afastada do Inhotim. Mas, o esforço valeu a pena. No pavilhão, vazio e circular, construído em vidro e aço, é possível escutar o som da Terra, transmitido através de microfones distribuídos ao longo de um tubo de 200 metros de profundidade introduzido dentro do solo. 

O que se ouve lá dentro,transmitido em tempo real, são zumbidos, vibrações que se amplificam dentro da estrutura redonda e que formam uma sinfonia única. Além dessa experiência, o visitante também pode desfrutar da vista que se tem lá de dentro da construção transparente.

 Sonic Pavilion Doug Aitken
Sonic Pavilion (2009) / artista: Doug Aitken
No Inhotim, a cada passo que se dá, a gente tem uma grata surpresa. Lá, a natureza não é apenas um pano de fundo para a arte, ela se torna a própria arte. Nesta foto abaixo, está um dos 98 bancos de madeira que você encontra pelo parque, esculpidos pelo designer Hugo França, a partir de troncos de árvores encontradas caídas ou mortas na natureza. 

E, convenhamos, são muito mais do que simples bancos. Como o próprio designer define, são esculturas mobiliárias. E cada uma tem uma forma única, que preserva sua característica de árvore. O máximo,né?!

E o designer cria toda uma gama de objetos de decoração seguindo essa mesma filosofia de sustentabilidade e respeito a natureza. Para saber mais sobre o trabalho dele: hugofranca.com.br

Design Madeira Hugo França
Um dos bancos de madeira do designer Hugo França

Este abaixo é o caleidoscópio gigante do artista Olafur Eliassom. Com seis espelhos internos formando um tubo hexagonal, a Viewing Machine produz efeitos a partir do reflexo da luz e nos permite ver essa paisagem, que já é bonita por si só, de um jeito ainda mais especial.

Viewing Machine Caleidoscópio Olafur Eliasson
Viewing Machine (2002-2008) / artista: Olafur Eliasson
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Um pouco da história

O Instituto começou a ser idealizado pelo empresário mineiro Bernardo Paz, que já foi casado com a artista plástica carioca Adriana Varejão, na década de 80. A propriedade particular foi sendo adaptada enquanto sua coleção de arte contemporânea ia crescendo. Até que, foi finalmente aberta ao público em 2006.

Quanto à origem do nome, que, aliás, sempre tive curiosidade de saber, não se tem uma explicação definitiva. A teoria mais conhecida relaciona o nome a um minerador inglês, o "Sir Thimothy" que, no século XIX, teria morado na área hoje ocupada pelo museu. Com o tempo e a convivência com a vizinhança mineira, o "Senhor Timothy" teria começado a ser chamado de "Nho Tim". Faz sentido...

Troca-troca Fuscas coloridos Jarbas Lopes
Troca-Troca (2002) / artista: Jarbas Lopes
Para finalizar, escolhi a obra Troca-Troca do artista Jarbas Lopes. Estes fusquinhas coloridos, tão divertidos e simpáticos quanto o saudoso Herbie (impossível não associar), não são só "peças de museu". Eles funcionam! E não esquentam lugar. Já ocuparam diferentes localizações dentro do parque. 

E têm muita história para contar das viagens que Jarbas e seus amigos já fizeram com eles. O nome se deve ao fato das latarias dos mesmos terem sido trocadas entre si. Eles já foram monocromáticos um dia! Também há um sistema de som interligando os três carros.

Piscina Jorge Macchi
Piscina (2009) / artista: Jorge Macchi
Ah, muito importante, não poderia deixar de dizer que uma das obras do Inhotim é uma piscina e que você pode entrar nela! O artista Jorge Macchi a criou inspirado num de seus desenhos de uma caderneta de endereço com índice alfabético. Não dá para ver na foto, mas cada letra do alfabeto fica num degrau da piscina, por onde se entra nela. Exatamente ali onde as pessoas que não se arriscaram nos seus 1,80 de profundidade estão concentradas. 

O Inhotim é mesmo uma experiência multissensorial completa! E, no calor do verão, foi ótimo poder me refrescar nesta piscina, no fim do dia, depois de andar pelo parque inteiro.

Encerro aqui meu relato sobre um pouco do que conheci no Instituto. Não citei todas as obras porque seria impossível, são muitas. Tive que deixar de fora artistas como Tunga (falecido no último dia 06), Cildo MeirelesAdriana Varejão, Miguel Rio Branco, Doris Salcedo, entre muitos outros.

Minha visita foi só de um dia e não é suficiente para ver tudo com calma. O ideal são dois dias, para poder aproveitar melhor tudo que esse lugar maravilhoso tem a oferecer!

O próprio museu disponibiliza no seu site informações sobre como chegar e locais para se hospedar. Além dos valores dos ingressos e horários de funcionamento. Entra lá e já programa uma visita pro próximo feriadão ou férias!

Instituto Inhotim Museu a céu aberto Arte Contemporânea
Uma foto bônus de um dos jardins do parque.

Agora, quem já foi, conte um pouco sobre como é o seu Inhotim. Cada um que conhece tem a sua visão particular desse lugar único.


Para fechar, fica aqui o vídeo institucional do aniversário de 10 anos.

* Todas as fotos que ilustram este texto foram feitas por mim durante minha visita ao museu.

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