Nunca me imaginei vivendo um relacionamento abusivo, achava que isso jamais aconteceria comigo. Até que, há 2 meses atrás, conheci um homem que, num primeiro momento, parecia ser O CARA. Bonito, atencioso, carinhoso, caseiro, buscando relacionamento sério...
Porém, em pouquíssimo tempo, ele se mostrou extremamente instável emocionalmente e controlador. Na verdade, desde o dia em que nos conhecemos, eu enxerguei sinais de que havia algo errado. Mas, como estava sozinha há muito tempo, e é raro aparecer alguém que já demonstra de cara querer algo sério, eu optei por insistir e ver no que ia dar.
Só que, desde o início, ele já começou a falar de várias coisas que ele não gostava que a mulher fizesse ao estar namorando com ele. Tipo sair sozinha com amigos, ter contatos de outros homens no telefone. Ele chegou a dizer com todas as letras que isso o deixava inseguro.
E aí vem o mais surreal, algo do qual eu sinto vergonha só de lembrar. Ele simplesmente exigiu que eu apagasse todos os contatos de homens do meu telefone e excluísse todos os seres do sexo masculino do meu Instagram também. E eu ACEITEI!
Na hora, eu concordei porque pensei: Ah, eu nem falo mais com essas pessoas mesmo. São contatos tão antigos, nem fazem mais parte do meu dia a dia há anos... Se o relacionamento valer a pena...
Então, só foram poupados os homens da família.
Mas, sabe quando você faz uma coisa sentindo que não deveria fazer, que está cometendo uma espécie de violência contra si mesma? Pois é... Eu sabia que não devia fazer aquilo, não deveria ter aceitado essa exigência como condição para um relacionamento.
Porém, até então, eu achava que ele era "só" muito inseguro e ciumento, só uma pessoa muito difícil de lidar. Mas, depois da nossa última briga, em que ele começou o que chamam de tratamento de silêncio, eu passei a pesquisar sobre comportamento narcisista e entendi que o buraco era bem mais embaixo...
Eu vi que ele tem todos os traços de uma pessoa narcisista. TODOS. Foi assustador descobrir que, na verdade, eu estive me relacionando com uma pessoa assim o tempo todo.
Eu já tinha conhecimento sobre mães narcisistas porque, como contei neste outro post, há uns anos atrás, descobri que a minha mãe é assim. Porém, eu não tinha me ligado que, na verdade, qualquer pessoa pode ser narcisista. Não é algo restrito da relação mãe x filha.
Identificando o comportamento narcisista
Fora o comportamento controlador, ele apresentava outros sinais de que havia algo errado. Nesses quase 2 meses de relacionamento, nós brigamos várias vezes. Ou melhor, ele brigava comigo. Geralmente por motivos bobos. E geralmente, do nada também.
Ele era muito instável. Estava tudo muito bem e, de repente, ele explodia por uma bobagem. E tudo sempre era muito 8 ou 80. Ele falava coisas bem duras e num tom bem raivoso como se estivesse terminando tudo, e depois dizia que não era nada disso, que nunca quis terminar comigo.
Na segunda briga que tivemos, eu resolvi simplesmente aceitar o que ele estava falando e concordei com o término. E foi como se uma outra pessoa "baixasse" na minha frente. A autoconfiança e o tom ameaçador foram embora instantaneamente e deram lugar a uma pessoa desesperada e carente, que ficou literalmente implorando para eu não deixá-lo, para que eu ficasse com ele pelo menos naquela noite.
Ele chorou, teve crise de ansiedade, dificuldade para respirar. Por fora, eu cedi à chantagem emocional para que aquela cena acabasse. Mas por dentro, não via a hora daquela noite terminar para eu correr para o mais longe possível.
Depois disso, nós terminamos. Mas, como ele estava passando por um problema bem complexo na vida pessoal, eu me senti um tanto culpada por "abandonar" alguém naquela situação. Então, o procurei oferecendo minha amizade e ajuda para o que ele precisasse.
Eu não queria reatar, só queria oferecer meu apoio. Mas ele insistiu, então, aceitei voltar para ver se dessa vez ia. Passamos umas duas semanas bem, sem brigas. Até que, numa viagem que programamos fazer, eu presenciei coisas que espero não viver nunca mais.
Ele não aceitava estar errado. A culpa de tudo era sempre minha. Após uma briga, mais uma vez, por um motivo idiota, ele não aceitou eu ter jogado o egoísmo dele sobre ele e armou uma cena para testar a importância dele. Como narcisistas sempre fazem.
Ele fazia chantagem emocional. Arrumou as coisas dele e disse que iria embora do lugar sozinho tarde da noite. Eu, saturada, não pedi para ele ficar e já ia fechando a porta para voltar a dormir.
Quando viu que a chantagem não funcionou, ele entrou de volta feito um jato antes que eu fechasse totalmente a porta. (Tive que me segurar para não rir nessa hora) E continuou a discussão lá dentro.
Ele desconfiava de traição o tempo todo. Me acusou de várias coisas, de ser interesseira (detalhe: quem estava bancando a viagem era eu), de estar traindo ele, etc... Eu só concordei com tudo e subi de volta pro quarto para dormir. Na época, eu nem sabia ainda, mas esse comportamento deixa os narcisistas loucos. Não dar importância ao show deles.
Ele era explosivo e agressivo. Aí, como eu não entrei na pilha dele, além de não ir embora e ficar aos gritos, ele também empurrou a porta do quarto, chutou a quina da cama, chutou parede... Eu não me intimidei e perguntei se ele ia me bater também. E ele respondeu: eu estou encostando em você por acaso?
Como eu deixei ele falando sozinho, depois de uns 15 minutos ele sossegou o rabo, deitou também e dormiu. Como se nada tivesse acontecido.
Depois eu entendi que, como eu não entrei no jogo dele, ele foi escalando nas agressões, tentando me controlar pelo medo.
Ele era frágil emocionalmente. No dia seguinte, ele acordou tremendo muito. Parecia sem controle do próprio corpo. Estava frio, mas nem de longe era para aquilo tudo. Ele também estava fisicamente cansado e emocionalmente fragilizado.
Eu disse que a versão dele que eu havia conhecido na noite anterior eu não queria ver de novo nunca mais. A gente conversou. Eu chorei, ele chorou. Pediu desculpas. Fizemos as pazes. E, olha que louco, depois disso, eu fiquei consolando ele!
Ele disse que brigas acabavam com o emocional dele... E sempre dizia que eu o acalmava, que só de eu estar perto, ele se sentia melhor.
Voltamos de viagem, tivemos alguns atritos durante a semana seguinte. Mas estava tudo bem até que, no fim de semana seguinte, ele explodiu novamente por mais uma bobagem. Eu ainda tentei argumentar duas vezes, mas quando vi que ele estava fazendo de propósito, me enchi e só concordei, sem fazer questão de encontrá-lo naquele dia.
Tratamento de silêncio. Desde então, ele entrou na fase em que os narcisistas simplesmente param de falar com a vítima sem dar explicações, para puni-la com a sua indiferença. Isso já tem duas semanas...
Acredito que ele ainda não tinha me colocado na fase do descarte. E isso deve estar sendo a pior parte para ele, porque a decisão de se afastar foi minha. E eu estou decidida a não procurá-lo.
Além de tudo, com o tempo, eu também percebi que ele finge, tenta tirar vantagem em cima de mim. Acha que as outras pessoas têm obrigação de dar coisas para ele, que merece privilégios. Queria que eu fosse secretária dele, resolvendo assuntos particulares.
Me sugava o tempo todo com os problemas dele. Tudo era sobre ele. Os problemas dele eram sempre mais importantes, ele era sempre uma vítima.
Não dá para ter um relacionamento amoroso com alguém assim. Eu preciso de paz, de alguém que me dê estabilidade emocional. Durante esse curto namoro, eu sentia falta de mim mesma e da minha rotina.
Veja também:
Vida pós término com o narcisista
Nas pesquisas que fiz, vi que narcisistas geralmente não terminam, gostam de deixar a pessoa na prateleira para tentar voltar a usá-la depois. Mas eu estou encarando este momento como um término.
O silêncio dele não é o maior problema. Eu também sou boa em ficar em silêncio. A atitude dele é infantil? Sim. Mas a pior parte é aceitar que tudo o que eu vivi poi uma mentira. Eu achava que estava em um relacionamento quando, na verdade, só estava sendo manipulada.
Estou tentando não ficar lembrando do início, da fase do love bombing, e focar na fase final, da agressividade e da indiferença.
O namoro durou pouco tempo, menos de 2 meses. 50 dias para ser exata. Na próxima vez, já nos primeiros sinais, eu vou sair fora. Não cometo mais esse erro.
Ter pesquisado sobre o comportamento narcisista, entender como eles agem e como não cair nas armadilhas tem sido fundamental para eu virar esta página da minha vida.
Por isso, eu recomendo muito este livro sobre narcisismo. Tem me ajudado muito.
Se você também viveu ou está vivendo um relacionamento abusivo com um narcisista e quer conversar, deixe um comentário nesta postagem ou me mande um e-mail.
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